Este blog existe para mostrar às pessoas, especialmente aos estudantes que pensam em cursar jornalismo na universidade, os aspectos da profissão de jornalista que vão contra a ética e a ecologia profunda, e que não são percebidos por causa do ponto em que chegou a cultura humana, porque a sociedade espectadora, ouvinte e leitora alimenta-se desse teatro, desse circo.


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cientificismo também na Vida Simples

Começo com o pensamento do artista alemão Joseph Beuys:

"Gostaria agora de analisar em termos obviamente genéricos, o conceito de conhecimento. Atualmente temos que lidar com um conceito muito preciso de ciência. Trata-se de um conceito extremamente limitado, referente unicamente as ciências naturais – ou ciências exatas. Ou seja, de um conceito positivista, materialista e atomista. Ao dizer isso, é preciso acrescentar também que o conceito atual de ciência tem uma validade extremamente parcial, que por certo não pode se referir a todos os problemas do homem, porque esta baseado preponderantemente nas leis da matéria. E aquilo que se refere à matéria não pode, necessariamente, referir-se à vida. O homem liberou seu pensamento de qualquer patrimônio de espiritualidade e de transparência através de um método de progressiva concentração do próprio pensamento e do conhecimento na matéria. A revolução industrial é, efetivamente, a sequência lógica da revolução burguesa. Podemos, portanto, afirmar tranquilamente que a época da revolução burguesa ainda não teve seu ocaso, pois prossegue na época atual. Quando os burgueses tomaram consciência do nascimento de uma nova classe social, o proletariado, comportaram-se exatamente como os senhores feudais antes deles, utilizando o conceito positivista de ciência como instrumento de repressão e de marginalização de uma maioria de indivíduos de um processo de revolução permanente. Notamos, de fato, que aquele mesmo movimento revolucionário que abrira para as massas a participação no processo criativo hoje exauriu o seu papel propulsor. O pensamento positivista burguês impede – por exemplo, nas escolas – a expansão do processo revolucionário, exatamente como o conceito positivista de ciência, que em um primeiro momento mostrara-se revolucionário, impede hoje o desenvolvimento da sociologia. Hoje já estamos assistindo às tentativas do sistema capitalista de instrumentalizar o conceito de ciência para reproduzir uma classe de tecnocratas que seja homogênea e funcional em relação ao sistema. O conceito positivista de ciência – antes revolucionário – hoje voltou-se contra o homem. Isso não significa, obviamente, que queremos refutar ou renunciar ao processo tecnológico. Pois a sociedade, e logo todos os homens, terá necessidade, no futuro, de uma tecnologia mais avançada e portanto mais produtiva. Mas o desenvolvimento de uma tecnologia desse tipo, mais avançada e mais produtiva, que possa ser posta a serviço de todos os homens, é dificultado e desviado pelo sistema capitalista, interessado unicamente na própria auto-reprodução, ou seja, na satisfação de suas necessidades de auto-reprodução. O conceito positivista de ciência não é mais revolucionário, hoje, na medida em que está voltado exclusivamente para o desenvolvimento da tecnologia e da revolução industrial. Para o futuro, prevê-se uma consolidação do conceito positivista, atomista e materialista, na qual não haverá mais espaço para implicações de natureza sociológica e psicológica, com um consequente aumento da alienação do homem, privado de sua espiritualidade e debilitado em sua vontade e em sua capacidade de autodeterminação. O problema que neste momento mais interessa ao mundo não é um problema de caráter econômico, de meios de produção ao nível de vida (todos problemas que se referem preponderantemente aos países em via de desenvolvimento); o problema dominante é a falta de um modelo humano. Falta uma ciência sociológica adequada às exigências, falta uma discussão sobre o homem. Não é suficiente discutir sobre as necessidades econômicas da humanidade, o mesmo interesse deve voltar-se para a satisfação de suas necessidades espirituais. Como realizar um processo de re-humanização do homem?"

Agora faço uma relação com um meio de comunicação atual, uma revista, e uma revista que em muitos casos é a única que aborda espiritualidade e pensamento complexo moriniano. Numa seção de pergunta e resposta, surgiu uma questão de colocar os pés em contato com a terra. Diante da possibilidade de se falar sobre o recontato do homem com a mãe terra, com o feminino, os significados espirituais e mitológicos de um contato desse tipo, eis que assim foi a resposta:

"Andar descalço na areia faz bem? - Sim, pois além de proporcionar relaxamento e bem-estar físico, ao caminhar descalço na areia ou em outras superfícies naturais (podem ser pedrinhas, grãos, folhas secas e cascalho) você estimula as milhares de terminações nervosas existentes na planta dos pés. Essas terminações são ligadas por meio de ramificações aos diversos órgãos internos, à coluna vertebral, à cabeça e aos membros superiores e inferiores do corpo. A massagem na planta do pé pode favorecer o bom funcionamento dessas partes e ajudar a recuperar o equilíbrio perdido. A prática de cuidar do corpo pelo ato de tocar e estimular regiões dos pés recebeu o nome de reflexologia e é usada pelos chineses e egípcios há milhares de anos. Os especialistas, no entanto, aconselham a caminhar em terrenos planos. 'Eles são mais indicados porque não provocam sobrecarga nas articulações e não exigem tanto do equilíbrio', diz a fisioterapeuta Amélia Pascoal Marques, da USP. Quanto a andar na areia fofa ou batida, vai depender do vigor físico de cada um. 'Na areia fofa, a pessoa vai precisar fazer mais força e ter um melhor equilíbrio, mas não há nenhuma contra-indicação', afirma Amélia. A única ressalva feita pelos dermatologistas é evitar caminhar descalço em determinados locais públicos, como praças e calçadas, para evitar o risco de contrair micoses."

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