Este blog existe para mostrar às pessoas, especialmente aos estudantes que pensam em cursar jornalismo na universidade, os aspectos da profissão de jornalista que vão contra a ética e a ecologia profunda, e que não são percebidos por causa do ponto em que chegou a cultura humana, porque a sociedade espectadora, ouvinte e leitora alimenta-se desse teatro, desse circo.


quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Palavras

"Pensamento discursivo e conjecturas mentais são como formigas movendo-se lentamente ao redor da borda de uma tigela – nunca vão a lugar nenhum. Palavras não podem descrever a realidade. Apenas a experiência direta nos habilita a ver a verdadeira face da realidade." (Buda)

"Nós privilegiamos muito a linguagem discursiva, mas a linguagem verdadeira é a linguagem da energia, a linguagem que o mundo opera. O mundo não troca palavras, o mundo se movimenta pelo sinal das energias." (Lama Samten)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Pressa

Trabalhei apenas três meses no maior jornal diário do interior do Rio Grande do Sul, e volta e meia eu tenho pesadelo com a cara de pressa da minha editora querendo que eu tenha pressa.

As pessoas se preocupam em ter pressa, mas não se preocupam em ser ágeis. Pressa pode trazer alguma agilidade, mas pode muito mais trazer obstáculos ao objetivo de ser ágil. Agilidade tem mais a ver com calma, serenidade, concentração, mente alerta. Pressa tem a ver com incapacidade, inconsequência, aparência de agilidade, sensação de urgência, peso.

Pressa, peso.
Pressão, pressão, pressionar.
Press.
Pressa gera energia negativa.

"Como poderemos saber a diferença entre agilidade e pressa? Basta olhar onde está o centro de comando do indivíduo e seu autocontrole. Se ele é comandado de fora para dentro, simplesmente reage impensadamente a pressões externas de um mundo agitado. Se é comandado de dentro para fora, mantém-se no ritmo que julga adequado e reage proativamente aos eventos externos. Se é ansioso, sua correria quer dizer estresse; se é ágil tem autocontrole emocional e reage a partir de um comando cerebral adequado." (Fonte Anônima)

"Muitas vezes vejo alguns colaboradores da minha empresa dizerem que estão com pressa ao executar alguma tarefa. Isto fez com que eu estudasse mais a situação e chegasse à conclusão que muitas vezes os funcionários que estão com pressa acham que estão sendo ágeis em resolver a tarefa, o que é um erro, pois existe diferenças básicas entre pressa e agilidade." (Cláudio Henrique de Castro)

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Diogo Mainardi

O caso do Sr. D

Acreditar que um de nós possa ter mais autonomia de pensamento do que um pombo é um daqueles desejos infantis interpretados por Sigmund Freud. Continue a insultar e a castigar o pessoal da imprensa, Dunga!

Sigmund Freud? Na última semana [primeira quinzena de junho], o jornal O Globo consultou uma série de psicanalistas para tentar entender a personalidade de Dunga. Ou, freudianamente: “O caso do Sr. D”. Isso demonstra que ele, Dunga, está certo: o pessoal da imprensa realmente merece ser insultado e castigado. Que o Brasil — e, em particular, o Rio de Janeiro — tenha uma série de psicanalistas já é um contrassenso. O que caracteriza os brasileiros é nossa mente perfeitamente desprovida de pensamentos conscientes ou inconscientes. O técnico da Eslováquia, Vladimir Weiss, poderia ser psicanalisado. Assim como Dunga, ele costuma insultar e castigar os repórteres, chamando-os de estúpidos. Mas, ao contrário do que ocorre com os eslovacos, as categorias da psicanálise sempre soam ridiculamente impróprias quando aplicadas aos brasileiros.


Corra, Diogo, corra!

Assim como os cachorros latem antes dos terremotos, eu interpreto os artigos de Caetano Veloso como sinais de alerta para um desastre iminente. Au! Au! O colunismo
está ruindo. Au! Au! O colunismo está se esboroando.


Caetano Veloso agora é colunista de O Globo. Desde sua estreia, num domingo, quatro semanas atrás, estou tentando arrumar outra maneira para me sustentar. Se até Caetano Veloso se tornou um colunista, tenho de mudar de trabalho urgentemente. Assim como os cachorros latem antes dos terremotos, eu interpreto os artigos de Caetano Veloso como sinais de alerta para um desastre iminente. Au! Au! O colunismo está ruindo. Au! Au! O colunismo está se esboroando. Au! Au! É melhor fugir para o meio da rua, antes que o teto desabe sobre mim. Corra, Diogo, corra! Imediatamente depois de Caetano Veloso estrear como colunista de O Globo, a Folha de
S.Paulo passou a contratar colunistas por metro.

No momento, o jornal tem cento-e-vinte-e-oito colunistas. Esse foi o número anunciado por seus próprios editores: cento-e-vinte-e-oito.

domingo, 22 de agosto de 2010

São essas as notícias

Fui ontem a uma festa de jornalistas. Soube que uma mulher telefonou de manhã para a rádio reclamando que eles davam notícias ruins de manhã. E que a resposta foi mais ou menos assim: "Mas, minha senhora, o que que eu posso fazer? São essas as notícias."

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

A crítica

"Se, em alguns tipos de teatro, ou de representação, não se pode 'fazer a experiência' senão como participante, onde fica a distância crítica? Como se pode ser distante de um objeto, de uma prática que depende em larga escala da capacidade, da possibilidade, da vontade, do prazer de participar e de realizar? A discussão crítica coloca-se, então, perante um dilema. A discussão crítica está a ser questionada. Será certamente mais fácil, diante de um público, apresentar-se como uma autoridade que reitera julgamentos de valor estético sobre o teatro ou a produção artística. Há quem o faça inclusivamente com bastante finesse. Mas... A tarefa da crítica é tentar refletir sobre a questão artística, o problema artístico, procurando concretizar algo que não se demita de reconstruir essa questão artística, ou esse problema artístico. Na esfera pública contemporânea, leva-se em conta o aspecto comercial ou de marketing: uma, duas ou três estrelas. [A crítica] não vai além da sugestão de ir ver ou não: [isso é] marketing. OK, as necessidades inexoráveis do mercado são uma realidade. Mas nenhum de nós se deve servir disso como desculpa. A crítica tem a responsabilidade de sublinhar aqueles aspectos aos quais o público não está habituado, de lhes proporcionar uma plataforma de compreensão, e não somente seguir o entretenimento dominante." (Hans-Thies Lehmann)

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cientificismo também na Vida Simples

Começo com o pensamento do artista alemão Joseph Beuys:

"Gostaria agora de analisar em termos obviamente genéricos, o conceito de conhecimento. Atualmente temos que lidar com um conceito muito preciso de ciência. Trata-se de um conceito extremamente limitado, referente unicamente as ciências naturais – ou ciências exatas. Ou seja, de um conceito positivista, materialista e atomista. Ao dizer isso, é preciso acrescentar também que o conceito atual de ciência tem uma validade extremamente parcial, que por certo não pode se referir a todos os problemas do homem, porque esta baseado preponderantemente nas leis da matéria. E aquilo que se refere à matéria não pode, necessariamente, referir-se à vida. O homem liberou seu pensamento de qualquer patrimônio de espiritualidade e de transparência através de um método de progressiva concentração do próprio pensamento e do conhecimento na matéria. A revolução industrial é, efetivamente, a sequência lógica da revolução burguesa. Podemos, portanto, afirmar tranquilamente que a época da revolução burguesa ainda não teve seu ocaso, pois prossegue na época atual. Quando os burgueses tomaram consciência do nascimento de uma nova classe social, o proletariado, comportaram-se exatamente como os senhores feudais antes deles, utilizando o conceito positivista de ciência como instrumento de repressão e de marginalização de uma maioria de indivíduos de um processo de revolução permanente. Notamos, de fato, que aquele mesmo movimento revolucionário que abrira para as massas a participação no processo criativo hoje exauriu o seu papel propulsor. O pensamento positivista burguês impede – por exemplo, nas escolas – a expansão do processo revolucionário, exatamente como o conceito positivista de ciência, que em um primeiro momento mostrara-se revolucionário, impede hoje o desenvolvimento da sociologia. Hoje já estamos assistindo às tentativas do sistema capitalista de instrumentalizar o conceito de ciência para reproduzir uma classe de tecnocratas que seja homogênea e funcional em relação ao sistema. O conceito positivista de ciência – antes revolucionário – hoje voltou-se contra o homem. Isso não significa, obviamente, que queremos refutar ou renunciar ao processo tecnológico. Pois a sociedade, e logo todos os homens, terá necessidade, no futuro, de uma tecnologia mais avançada e portanto mais produtiva. Mas o desenvolvimento de uma tecnologia desse tipo, mais avançada e mais produtiva, que possa ser posta a serviço de todos os homens, é dificultado e desviado pelo sistema capitalista, interessado unicamente na própria auto-reprodução, ou seja, na satisfação de suas necessidades de auto-reprodução. O conceito positivista de ciência não é mais revolucionário, hoje, na medida em que está voltado exclusivamente para o desenvolvimento da tecnologia e da revolução industrial. Para o futuro, prevê-se uma consolidação do conceito positivista, atomista e materialista, na qual não haverá mais espaço para implicações de natureza sociológica e psicológica, com um consequente aumento da alienação do homem, privado de sua espiritualidade e debilitado em sua vontade e em sua capacidade de autodeterminação. O problema que neste momento mais interessa ao mundo não é um problema de caráter econômico, de meios de produção ao nível de vida (todos problemas que se referem preponderantemente aos países em via de desenvolvimento); o problema dominante é a falta de um modelo humano. Falta uma ciência sociológica adequada às exigências, falta uma discussão sobre o homem. Não é suficiente discutir sobre as necessidades econômicas da humanidade, o mesmo interesse deve voltar-se para a satisfação de suas necessidades espirituais. Como realizar um processo de re-humanização do homem?"

Agora faço uma relação com um meio de comunicação atual, uma revista, e uma revista que em muitos casos é a única que aborda espiritualidade e pensamento complexo moriniano. Numa seção de pergunta e resposta, surgiu uma questão de colocar os pés em contato com a terra. Diante da possibilidade de se falar sobre o recontato do homem com a mãe terra, com o feminino, os significados espirituais e mitológicos de um contato desse tipo, eis que assim foi a resposta:

"Andar descalço na areia faz bem? - Sim, pois além de proporcionar relaxamento e bem-estar físico, ao caminhar descalço na areia ou em outras superfícies naturais (podem ser pedrinhas, grãos, folhas secas e cascalho) você estimula as milhares de terminações nervosas existentes na planta dos pés. Essas terminações são ligadas por meio de ramificações aos diversos órgãos internos, à coluna vertebral, à cabeça e aos membros superiores e inferiores do corpo. A massagem na planta do pé pode favorecer o bom funcionamento dessas partes e ajudar a recuperar o equilíbrio perdido. A prática de cuidar do corpo pelo ato de tocar e estimular regiões dos pés recebeu o nome de reflexologia e é usada pelos chineses e egípcios há milhares de anos. Os especialistas, no entanto, aconselham a caminhar em terrenos planos. 'Eles são mais indicados porque não provocam sobrecarga nas articulações e não exigem tanto do equilíbrio', diz a fisioterapeuta Amélia Pascoal Marques, da USP. Quanto a andar na areia fofa ou batida, vai depender do vigor físico de cada um. 'Na areia fofa, a pessoa vai precisar fazer mais força e ter um melhor equilíbrio, mas não há nenhuma contra-indicação', afirma Amélia. A única ressalva feita pelos dermatologistas é evitar caminhar descalço em determinados locais públicos, como praças e calçadas, para evitar o risco de contrair micoses."

Agora a Zero Hora exige tratamento psicanalítico para Dunga

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Confederação Globo de Futebol



Depois de Dunga se desentender com a Globo ("O técnico Dunga, no comando da seleção há quase quatro anos, não apresenta nas entrevistas um comportamento compatível com a imagem de alguém tão vitorioso no esporte. Com frequência, ele usa frases grosseiras e irônicas"), mesmo dizendo "que a preocupação do jornalismo da Rede Globo sempre foi a de levar a melhor informação a você, telespectador, independentemente de quem esteja no comando", a empresa passou a alfinetar o agora ex-técnico em toda ocasião possível. Ontem, no Jornal Nacional, falou-se: "Não há técnico de Seleção que não se orgulhe de revelar, de pinçar um jogador de talento que poucos notavam e fazê-lo crescer e se firmar. Com passagem curta pela Seleção, Paulo Roberto Falcão se orgulha de ter lançado jogadores que depois seriam campeões mundiais, como Mauro Silva. Dunga escolheu Felipe Melo pra ser um dos símbolos de sua seleção. Neste caso, o projeto não terminou bem." Mas agora Ricardo Teixeira mandou Dunga embora e pôde retomar seu relacionamento amoroso com a televisão. A CBF chegou ao ponto de fazer uma camiseta personalizada em homanagem a Alex Escobar, o repórter coitadinho que foi alvo do malvado Dunga.



Abaixo, a matéria do GloboEsporte.com sobre o primeiro jogo da Seleção com o comando de Mano Menezes, o técnico bonzinho.

Com ‘cara de Brasil’, Seleção encara os Estados Unidos em Nova Jersey
Mano opta por esquema super ofensivo no seu primeiro desafio como técnico verde e amarelo. Renovação vai começar a todo vapor
(Leandro Canônico/Rede Globo)


Depois de 38 dias da eliminação nas quartas de final da Copa do Mundo da África do Sul, a Seleção Brasileira volta a campo nesta terça-feira para encarar os Estados Unidos, no estádio New Meadowlands, em Nova Jersey, às 21h (de Brasília), em partida amistosa. Para o Brasil esse jogo significa renovação. O GloboEsporte.com transmite o confronto ao vivo, em vídeo.

A começar pelo comando técnico. No lugar de Dunga está Mano Menezes, que fez sucesso recentemente com Grêmio e Corinthians. Mas o ponto alto da mudança é a troca do esquema truncado, cheio de volantes, por um mais ousado, com três atacantes. É o Brasil novamente com cara de Brasil.

- É importante deixar claro que o futebol brasileiro sempre teve muita qualidade. Apenas estamos aproveitando um momento especial, pegando jogadores com essa característica de jogo e propondo uma maneira de atuar. Não é nada novo no futebol – declarou o novo comandante da Seleção Brasileira.

Após o fracasso no Mundial diante da Holanda e a saída do técnico Dunga, era fato que o Brasil sofreria uma forte renovação. Não à toa apenas quatro jogadores que estiveram na África do Sul foram chamados para o amistoso: Daniel Alves, Robinho, Ramires e Thiago Silva. Um deles, aliás, deve ser o capitão da equipe.

Em sua primeira convocação, Mano Menezes priorizou o momento e também fez algumas apostas. Até por isso, nomes como os de Paulo Henrique Ganso, Neymar e André se misturam com os de certa forma desconhecidos David Luiz, Éderson e Rafael. O técnico se mostra bastante satisfeito com a sua lista.

- Certamente tenho em mãos a melhor reunião de talentos bem fundamentados tecnicamente. Estava olhando a formação do time reserva no treinamento e ela pode ser ideal. A função do técnico é exatamente essa: pegar as melhores peças e montar um esquema – acrescentou Mano Menezes.

Até por isso ele apostou na base do time do Santos que brilhou no primeiro semestre, com a conquista do Paulistão e da Copa do Brasil. Portanto, Ganso vai comandar o meio campo brasileiro e verá à sua frente Robinho e Neymar no ataque, reforçados pelo também garoto Alexandre Pato, de 20 anos.

O amistoso contra os Estados Unidos marcará o debute da Era Mano Menezes na Seleção Brasileira. Ainda este ano, o técnico comandará o time em mais cinco amistosos. Dois em setembro, dois em outubro e um em novembro.

Do lado dos Estados Unidos, renovação não é a palavra. Mas sim manutenção. No provável time titular, o técnico Bob Bradley colocou dez jogadores que estiveram no Mundial da África do Sul. A equipe norte-americana caiu nas oitavas de final do torneio para a sensação Gana, que veio a perder do Uruguai na fase seguinte.