[Leia o título acima com a voz que o Cid Moreira faz para "Jabulani".]
Para normatizar a ética no Brasil, em 1987 foi aprovado o Código de Ética dos Jornalistas. No artigo sétimo estabelece que é dever fundamental do jornalista buscar a verdade dos fatos e que seu trabalho deve ser pautado na precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação. (Observatório da Imprensa)
O conceito de verdade e sua utilização no Jornalismo
Iluska Coutinho - Jornalista, doutora em Comunicação Social (Umesp) e mestre em Comunicação e Cultura (UnB). Professora da Faculdade de Comunicação, Departamento de Jornalismo, da Universidade Federal de Juiz de Fora
Em um primeiro momento podemos perceber que a promessa de relato fiel dos fatos, de reprodução perfeita da realidade objetiva nas notícias também está expressa na concepção que o conceito de verdade e sua utilização no Jornalismo os próprios jornalistas têm de seu ofício. É o que se pode depreender por exemplo na definição proposta por Alberto Dines em 'O papel do jornal', para quem os jornais são 'instrumento de acesso ao mundo para o cidadão' (DINES, 1976, p.35).
Conceituar é de certa forma denominar um dado objeto ou sujeito. Isto significa, em outras palavras, dar nomes a determinadas coisas. Outra observação importante é que a conceituação pressupõe e exige uma intencionalidade e a aplicação de um juízo de valor sobre o objeto em questão. Embora mocinhos e cowboys nas telas de cinema, nas trilhas sonoras difundidas por CDs ou disponíveis na rede mundial de computadores, reforcem em momentos dramáticos ou de clímax o vocábulo 'truth', é indispensável para a reflexão sobre a apropriação da verdade no jornalismo entender as origens dos discursos, as construções históricas que permitem no tempo presente a existência de enunciações que se apresentam como verdadeiras, tais como as matérias jornalísticas consumidas diariamente em todo o mundo. (...)
O conceito de verdade tem sido abordado e compreendido de diferentes formas por diversas escolas filosóficas e por diversos pensadores. A relação primordial que definiria um enunciado como verdadeiro é para alguns de adequação, para outros de correção e ainda para um terceiro grupo fundada em uma relação nominal; estariam assim fundados os tipos de verdade segundo Hanna Arendt (2000, p. 223). (...)
Para Heidegger, as verdades são respostas que o homem dá ao mundo. Vale ressaltar a utilização do termo no plural, quando o conceito de verdade perde o critério do absoluto e/ou do indivisível. Não haveria portanto uma verdade filosófica, mas várias verdades. Esse sentido mais pluralista também é defendido por Foucault, para quem o significado de verdade seria o de expressão de determinada época, cada qual com sua verdade e seu discurso. (...)
'O repórter é um curioso movido permanentemente pelo desejo de saber o que acontece e de entender porque aconteceu. Se não for assim está na profissão errada. E não basta querer saber: é preciso saber tudo, e ter a obstinação de saber certo' (GARCIA, 1992, p.11), segundo define, com certa pretensão e vaidade, o Manual de Redação de O Globo. As notícias publicadas nos jornais são produzidas, ou ao menos deveriam ser, por este superprofissional do saber.
A própria noção de notícia nos oferece pistas relevante para o estudo do valor Verdade no jornalismo. A notícia é comumente definida 'o relato, não o fato' (LUSTOSA, 1996, O conceito de verdade e sua utilização no Jornalismo, p.17). Assim poderíamos partir do princípio que o conteúdo oferecido pelo jornal em suas páginas não seria a 'verdade absoluta', em um paralelo com o conceito filosófico, mas a expressão da verdade, um relato verdadeiro de uma situação delimitada. Uma vez que como produto as matérias jornalísticas se referem a fatos isolados, muitas vezes descontextualizados, segundo críticas frequentes, elas se afastariam da verdade filosófica, que não aceita visões atômicas. Em direção contrária do conceito discutido anteriormente, as pautas jornalísticas delimitam e recortam a realidade a ser enunciada. Para além dos problemas decorrentes do 'fracionamento' do mundo nas páginas de jornal, há ainda a questão da interpretação. Afinal, como nos lembra Hilton Japiassu, 'os fatos não falam' (JAPIASSU, 1994, p.09). Assim, o que vemos impresso nos jornais não é a voz dos fatos, mas de pessoas que participaram deles ou ainda que foram espectadoras dos acontecimentos, também uma categoria carregada de julgamentos e intencionalidades. (...)
O argumento mais utilizado pelos editores de jornal, alguns autodenominados como pragmáticos, é o de que a 'verdade' seria uma abstração, o que os levaria a relatar objetivamente a realidade. Japiassu porém questiona: 'Caso existam informações bjetivas, quem controlará a objetividade dessas informações?' (JAPIASSU, 1994, p.11). As informações 'neutras e objetivas' estariam segundo ele sujeitas ao poder de decisão que as arbitraria. Desta forma não haveria informações e conhecimentos isentos de uma intencionalidade. (...)
Apesar da impossibilidade de um relato imparcial, os jornais são apresentados e recebidos por significativa parcela de seu público como um instrumento de descrição da realidade, o que oferece status de verdadeiro a seu conteúdo impresso. (...)
Como proposta de se constituir em expressão da verdade, o Jornalismo tenta apagar as marcas do enunciador, de sua produção, numa estratégia que traria legitimidade e credibilidade ao discurso jornalístico. Assim, ele é apresentado aos leitores como o relato de uma verdade pragmática e factual, possível de comprovação. (...)
Há ainda um aspecto que se refere à internalização do personagem de 'contador da verdade' que, em alguns casos desviantes, resulta em uma arrogância imodesta de repórteres.
Sobre verdade e mentira
Nietzsche
(...) é fixado aquilo que (...) deve ser “verdade”, isto é, é descoberta uma designação uniformemente válida e obrigatória das coisas, e a legislação da linguagem dá também as primeiras leis da verdade: pois surge aqui pela primeira vez o contraste entre verdade e mentira. O mentiroso usa as designações válidas, as palavras, para fazer aparecer o não-efetivo como efetivo. (...) É a linguagem a expressão adequada de todas as realidades?
Somente por esquecimento pode o homem alguma vez chegar a supor que possui uma “verdade” no grau acima designado. (...) O que é uma palavra? A figuração de um estímulo nervoso em sons. Mas concluir do estímulo nervoso uma causa fora de nós já é resultado de uma aplicação falsa e ilegítima do princípio da razão. (...) Um estímulo nervoso, primeiramente transposto em uma imagem! Primeira metáfora. A imagem, por sua vez, modelada em um som! Segunda metáfora. (...) não é logicamente que ocorre a gênese da linguagem, e o material inteiro (no qual e com o qual mais tarde o homem da verdade, o pesquisador, o filósofo, trabalha e constrói) provém, se não de Cucolândia das Nuvens, em todo caso não da essência das coisas.
(...) Todo conceito nasce por igualação do não-igual. (...) A desconsideração do individual e efetivo nos dá o conceito, assim como também nos dá a forma, enquanto que a natureza não conhece formas nem conceitos, portanto também não conhece espécies, mas somente um X, para nós inacessível e indefinível. (...)
O que é a verdade, portanto? Um batalhão móvel de metáforas, metonímias, antropomorfismos, enfim, uma soma de relações humanas, que foram enfatizadas poética e retoricamente, transpostas, enfeitadas, e que, após longo uso, parecem a um povo sólidas, canônicas e obrigatórias: as verdades são ilusões, das quais se esqueceu que o são, metáforas que se tornaram gastas e sem força sensível (...).
Continuamos ainda sem saber de onde provém o impulso à verdade: pois até agora só ouvimos falar da obrigação que a sociedade, para existir, estabelece: de dizer a verdade, isto é, de usar as metáforas usuais, (...) da obrigação de mentir segundo uma convenção sólida, mentir em rebanho, em um estilo obrigatório para todos. Ora, o homem esquece sem dúvida que é assim que se passa com ele: mente, pois, da maneira designada, inconscientemente e segundo hábitos seculares – e justamente por essa inconsciência, justamente por esse esquecimento, chega ao sentimento de verdade.
(...) Coloca agora o seu agir como ser “racional” sob a regência das abstrações; não suporta mais ser arrastado pelas impressões súbitas, pelas intuições, universaliza antes todas essas impressões em conceitos mais descoloridos, mais frios, para atrelar a eles o carro de seu viver e agir. Tudo o que destaca o homem do animal depende dessa aptidão de liquefazer a metáfora intuitiva em um esquema, portanto de dissolver uma imagem em um conceito. (...) a ilusão de um estímulo nervoso em imagens, se não é a mãe, é pelo menos a avó de todo e qualquer conceito.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
terça-feira, 27 de julho de 2010
Deslumbramento com o estrangeiro
O japonês Souzousareta Geijutsuka, anunciado pela imprensa cearense como um dos principais nomes da arte contemporânea universal, era ansiosamente esperado em dezembro de 2007 em Fortaleza, para abrir a exposição Geijitsu Kakuu. Convidado especial da curadoria do Museu de Arte Contemporânea do Ceará, Geijutsuka mostraria ao público cearense por que seu trabalho é aclamado em todo o planeta como uma obra revolucionária que, segundo o material de divulgação de sua eficiente assessoria de imprensa, incorpora "novos conceitos à arte", como os de "operação em tempo real, simultaneidade, supressão do espaço e imaterialidade". Os jornais locais deram amplos espaços para a divulgação da exposição. Um deles chegou a publicar, no dia marcado para a abertura do evento, uma entrevista de página inteira com Geijutsuka. Tudo perfeito, não fosse um detalhe: Souzousareta Geijutsuka não existe.
Canal Contemporâneo: Clipping de matérias sobre a exposição Geijitsu Kakuu, criação de Yuri Firmeza, para a série Artista Invasor do Museu de Arte Contemporânea do Ceará. Todas as notícias veiculadas pela imprensa de Fortaleza, entre os dias 10 e 12 de janeiro de 2006.
Canal Contemporâneo: Clipping de matérias sobre a exposição Geijitsu Kakuu, criação de Yuri Firmeza, para a série Artista Invasor do Museu de Arte Contemporânea do Ceará. Todas as notícias veiculadas pela imprensa de Fortaleza, entre os dias 10 e 12 de janeiro de 2006.
Onipotência
Em setembro deste ano, no Chamada Geral 1ª Edição, programa da Rádio Gaúcha apresentado pelo Antônio Carlos Macedo, noticiou-se que o governo estadual abriu uma sindicância para apurar qual servidor fez a denúncia à imprensa que gerou o escândalo do DAER. A alegação que justifica a sindicância é a de que o servidor deveria ter feito denúncia a seus superiores, e não à imprensa. Macedo falou: "Quanta decepção, senhor secretária. Está todo mundo careca de saber que servidor que denuncia é perseguido. Mas servidor, não se intimide, não se complique com seus superiores, faça uma denúnia anônima para nós, que nós resolvemos."
Bob Dylan
Transcrição completa dos trechos surreais da entrevista coletiva com o Bob Dylan, em San Francisco, dezembro de 1965, contidos no filme 'No direction home'.
- Você prefere música com mensagem sutil ou óbvia?
- Com o quê?
- Mensagem sutil ou óbvia?
- Com uma mensagem... Que música com mensagem?
- Como 'Eve destruction' e coisas assim.
- Prefiro isso a quê?
- Não sei, mas suas músicas deveriam conter uma mensagem sutil.
- Mensagem sutil?
- Bem, supostamente deveriam ter.
- Onde leu isso?
- Numa revista de cinema.
- Ah, meu deus...
- Pensa em si basicamente como um cantor ou um poeta?
- Penso em mim como um homem que canta e dança, sabe?
- Senhor Dylan, sei que não gosta de rótulos e provavelmente está certo, mas, para nós que estamos bem acima dos 30, poderia se rotular e talvez nos dizer qual é o seu papel?
- Bem, eu me rotulo como bem abaixo dos 30. E o meu papel é ficar aqui tanto quanto puder.
- É considerado por muita gente símbolo do movimento de protesto do país, para os jovens. O senhor vai participar da manifestação do Vietnam Day Committee em frente ao hotel Paramount, esta noite?
- Estarei ocupado esta noite.
"As coisas fugiram do controle. Sabe, caíram no... Você me pergunta se escrevo canções surreais, mas esse tipo de atividade é que é surreal. Não tinha respostas para essas perguntas, não mais do que qualquer outro artista, na verdade. Mas isso não impediu a imprensa, nem as pessoas, ou quem quer que seja, de me fazerem esses questionamentos. Por alguma razão a imprensa achava que os artistas tinham as respostas para todos esses problemas da sociedade. O que se pode dizer sobre isso? É algo meio absurdo."
- Senhor Dylan, parece muito relutante em falar sobre o fato de que é um artista popular, na verdade dos mais populares.
- O que quer que eu diga?
- Bem, não entendo por quê.
- Bem, o que quer que eu diga a respeito?
- Bem, parece de ter vergonha de admitir que é... de falar a respeito...
- Bem, eu não estou com vergonha. O que quer exatamente que eu fale? Quer que eu pule e diga 'Aleluia' e quebre as câmeras e faça algo estranho? Diga-me. Diga-me, faço o que mandar. De não puder fazer, acharei alguém que faça o que quer.
- O senhor não sabe por que razão ou não tem idéia de por que é popular, isso é o que me interessa.
- Na verdade, nunca me esforcei para isso. Aconteceu, sabe? Aconteceu, como tudo acontece.
- Você prefere música com mensagem sutil ou óbvia?
- Com o quê?
- Mensagem sutil ou óbvia?
- Com uma mensagem... Que música com mensagem?
- Como 'Eve destruction' e coisas assim.
- Prefiro isso a quê?
- Não sei, mas suas músicas deveriam conter uma mensagem sutil.
- Mensagem sutil?
- Bem, supostamente deveriam ter.
- Onde leu isso?
- Numa revista de cinema.
- Ah, meu deus...
- Pensa em si basicamente como um cantor ou um poeta?
- Penso em mim como um homem que canta e dança, sabe?
- Senhor Dylan, sei que não gosta de rótulos e provavelmente está certo, mas, para nós que estamos bem acima dos 30, poderia se rotular e talvez nos dizer qual é o seu papel?
- Bem, eu me rotulo como bem abaixo dos 30. E o meu papel é ficar aqui tanto quanto puder.
- É considerado por muita gente símbolo do movimento de protesto do país, para os jovens. O senhor vai participar da manifestação do Vietnam Day Committee em frente ao hotel Paramount, esta noite?
- Estarei ocupado esta noite.
"As coisas fugiram do controle. Sabe, caíram no... Você me pergunta se escrevo canções surreais, mas esse tipo de atividade é que é surreal. Não tinha respostas para essas perguntas, não mais do que qualquer outro artista, na verdade. Mas isso não impediu a imprensa, nem as pessoas, ou quem quer que seja, de me fazerem esses questionamentos. Por alguma razão a imprensa achava que os artistas tinham as respostas para todos esses problemas da sociedade. O que se pode dizer sobre isso? É algo meio absurdo."
- Senhor Dylan, parece muito relutante em falar sobre o fato de que é um artista popular, na verdade dos mais populares.
- O que quer que eu diga?
- Bem, não entendo por quê.
- Bem, o que quer que eu diga a respeito?
- Bem, parece de ter vergonha de admitir que é... de falar a respeito...
- Bem, eu não estou com vergonha. O que quer exatamente que eu fale? Quer que eu pule e diga 'Aleluia' e quebre as câmeras e faça algo estranho? Diga-me. Diga-me, faço o que mandar. De não puder fazer, acharei alguém que faça o que quer.
- O senhor não sabe por que razão ou não tem idéia de por que é popular, isso é o que me interessa.
- Na verdade, nunca me esforcei para isso. Aconteceu, sabe? Aconteceu, como tudo acontece.
Dunga
Quanto aos jornalistas, o Dunga é o Bob Dylan gaúcho do futebol brasileiro, o Amarante da mídia esportiva. Estamos carentes de heróis assim. Viva o Dunga!
in-formação
"Benjamin dizia que o periodismo é o grande dispositivo moderno para a destruição generalizada da experiência. O periodismo destrói a experiência, sobre isso não há dúvida, e o periodismo não é outra coisa que a aliança perversa entre informação e opinião. O periodismo é a fabricação da informação e a fabricação da opinião. E quando a informação e a opinião se sacralizam, quando ocupam todo o espaço do acontecer, então o sujeito individual não é outra coisa que o suporte informado da opinião individual, e o sujeito coletivo, esse que teria que fazer a história segundo os velhos marxistas, não é outra coisa que o suporte informado da opinião pública. Quer dizer, um sujeito fabricado e manipulado pelos aparatos da informação e da opinião, um sujeito incapaz de experiência. E o fato de o periodismo destruir a experiência é algo mais profundo e mais geral do que aquilo que derivaria do efeito dos meios de comunicação de massas sobre a conformação de nossas consciências." (Jorge Larrosa Bondía, professor da Universidade de Barcelona e doutor em Filosofia da Educação)
"Tao-Te-Ching diz o seguinte: 'Na busca dos saberes, cada dia alguma coisa é acrescentada. Na busca da sabedoria, cada dia alguma coisa é abandonada.' O cientista soma; o sábio subtrai." (Rubem Alves)
"Lembrei-me de uma advertência de Schopenhauer: 'No que se refere a nossas leituras, a arte de não ler é sumamente importante. Essa arte consiste em nem sequer folhear o que ocupa o grande público. Para ler o bom uma condição é não ler o ruim: porque a vida é curta e o tempo e a energia escassos... Muitos eruditos leram até ficar estúpidos.' Existirá possibilidade de que a leitura dos jornais nos torne estúpidos? O prazer da leitura, para mim, está não naquilo que leio mas naquilo que faço com aquilo que leio. Ler, só ler, é parar de pensar. É pensar os pensamentos de outros. E quem fica o tempo todo pensando o pensamento de outros acaba por desaprender a arte de pensar seus próprios pensamentos: outra lição de Schopenhauer. Pensar não é ter as informações. Pensar é o que se faz com as informações. É dançar com o pensamento, apoiando os pés no texto lido: é isso que me dá prazer. Suspeito que a leitura meticulosa e detalhada das informações tenha, freqüentemente, a função de tornar desnecessário o pensamento. Pensar os próprios pensamentos pode ser dolorido. Quem não sabe dançar corre sempre o perigo de escorregar e cair... Assim, ao se entupir de notícias – como o comilão grosseiro que se entope de comida – o leitor se livra do trabalho de pensar." (ALVES, Rubem. Será que a leitura dos jornais nos torna estúpidos? Folha de S. Paulo, Tendências e Debates, 02/09/2001.)
"Tao-Te-Ching diz o seguinte: 'Na busca dos saberes, cada dia alguma coisa é acrescentada. Na busca da sabedoria, cada dia alguma coisa é abandonada.' O cientista soma; o sábio subtrai." (Rubem Alves)
"Lembrei-me de uma advertência de Schopenhauer: 'No que se refere a nossas leituras, a arte de não ler é sumamente importante. Essa arte consiste em nem sequer folhear o que ocupa o grande público. Para ler o bom uma condição é não ler o ruim: porque a vida é curta e o tempo e a energia escassos... Muitos eruditos leram até ficar estúpidos.' Existirá possibilidade de que a leitura dos jornais nos torne estúpidos? O prazer da leitura, para mim, está não naquilo que leio mas naquilo que faço com aquilo que leio. Ler, só ler, é parar de pensar. É pensar os pensamentos de outros. E quem fica o tempo todo pensando o pensamento de outros acaba por desaprender a arte de pensar seus próprios pensamentos: outra lição de Schopenhauer. Pensar não é ter as informações. Pensar é o que se faz com as informações. É dançar com o pensamento, apoiando os pés no texto lido: é isso que me dá prazer. Suspeito que a leitura meticulosa e detalhada das informações tenha, freqüentemente, a função de tornar desnecessário o pensamento. Pensar os próprios pensamentos pode ser dolorido. Quem não sabe dançar corre sempre o perigo de escorregar e cair... Assim, ao se entupir de notícias – como o comilão grosseiro que se entope de comida – o leitor se livra do trabalho de pensar." (ALVES, Rubem. Será que a leitura dos jornais nos torna estúpidos? Folha de S. Paulo, Tendências e Debates, 02/09/2001.)
segunda-feira, 26 de julho de 2010
José Alberto Andrade
Depois de Cruzeiro 2x2 Grêmio, no domingo dia 25/07/2010, houve discussão entre jogadores no vestiário do Grêmio. O técnico Silas, do time gaúcho, disse que é um fato normal. José Alberto Andrade, na segunda-feira dia 26/07/2010 demonstrou indignação raivosa.
Silas: Não tem notícia pra vocês aqui. Não adianta vocês criaram notícia onde não tem.
José Alberto Andrade: Isso é coisa de gente fraca.
Silas: Não tem notícia pra vocês aqui. Não adianta vocês criaram notícia onde não tem.
José Alberto Andrade: Isso é coisa de gente fraca.
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