Este blog existe para mostrar às pessoas, especialmente aos estudantes que pensam em cursar jornalismo na universidade, os aspectos da profissão de jornalista que vão contra a ética e a ecologia profunda, e que não são percebidos por causa do ponto em que chegou a cultura humana, porque a sociedade espectadora, ouvinte e leitora alimenta-se desse teatro, desse circo.


sábado, 21 de julho de 2012

Jornalismo em estado puro

Exagero regionalista
21/07/2012 — Ivson

A mídia regional é essencial para um país enorme como o nosso, não se discute. Como também, creio, não há discussão que, dos três pilares da notícia – ineditismo, intensidade e proximidade -, o último tem precedência. Por isso, é aceitável, e até mesmo correto, que os veículos de uma região procurem ângulos que aproximem seu leitor/telespectador/ouvinte de notícias importantes, mas distantes.

Deve ter sido seguindo esse raciocínio que os editores do Zero hora On Line, do Rio Grande do Sul, publicaram matéria com um gaúcho que assistiu à estreia de “Batman, o Cavaleiro das Trevas ressurge” nos Estados Unidos, na noite do massacre de Aurora. Só que os coleguinhas exageraram. Leia o lide da matéria e veja o porquê:

“Sempre tem um sujeito com distúrbio mental e acesso a armas”, diz gaúcho que assistia à estreia Batman em uma sala americana.

Estudante de doutorado em Linguística viu o filme em sala lotada em Michigan O doutorando de Linguística Gabriel Roisenberg Rodrigues, 33 anos, de Porto Alegre, estava em uma sala de Michigan assistindo à sessão inaugural do novo filme de Batman. Só não era o mesmo horário em que ocorreu a tragédia do Colorado porque há uma diferença de duas horas no fuso horário. Mesmo estando nos EUA, Rodrigues ficou sabendo do episódio quando retornou para casa, foi comer alguma coisa e ligou a Rádio Gaúcha no seu Iphone. Confira trechos da entrevista para Zero Hora: (…)”

Ou seja, Gabriel não só não estava no cinema Century 16, como não assistiu o filme na mesma hora em que ocorria o massacre e sequer estava no estado em que ele aconteceu (Colorado).

No fim, uma alma um pouco menos regionalista retirou a notícia do site e, por isso, não pude obter o “print screen” da tela (ficou só a pista no endereço html da página). Pena.


quarta-feira, 30 de maio de 2012

Desafinação que prejudica o compasso

" . . . inúmeras falhas no som, microfonia e instrumentos desafinados – Dado Villa-Lobos tocou mais de três músicas com a guitarra fora de compasso." (Lívia Machado/G1)

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Ê, São Paulo... Ê, jornalistas...

"A imprensa paulista, definitivamente, se mancomunou com São Paulo e CBF, e declarou guerra com o Internacional. A cada dia novas situações relatadas e reportadas pelos colegas me dão nojo. O caso Oscar só está sendo tratado com imparcialidade pelo Rio Grande do Sul, onde jornalistas, desde o princípio, reconhecem direito do São Paulo de ser indenizado assim como de Oscar em poder escolher aonde jogar enquanto a questão está sub judice. Deixei de seguir no twitter vários colegas paulistas, na semana passada, quando via posts como 'temos que torcer para a liminar ser derrubada antes do jogo contra o Fluminense para o Inter cair fora da competição'." (Fabiano Baldasso)

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Barrou imprensa, é "mistério"...

Porque a imprensa tem que ter acesso a TUDO - ela representa a TODOS...
Já foi a um treino de time grande? Eu fui. Deve ser um inferno para os jogadores ter que lidar com os torcedores carentes clamando por aceno ou autógrafo. Fechando os portões, a concentração necessária pode ser mais facilmente alcançada.

domingo, 1 de abril de 2012

O escárnio de quem está sempre na posição de observador

Pessoas que se colocam sempre na posição de observador, de não-participante, de nunca entrar, têm tendência ao escárnio (desdém, zombaria, desprezo com orgulho) diante de situações que não fazem parte da absoluta normalidade do dia-a-dia - e diante de ações que elas não são capazes de fazer. Nesta reportagem do Teledomingo, programa da RBSTV, sobre meditação, por exemplo:

- são usados sons (sonoplastias) de trapalhada em desenho animado (?);

- a repórter Regina Lima, na defensiva, diz que é muito difícil não fechar os olhos e ao mesmo tempo não os deixar totalmente abertos;

- e a mesma pessoa relaciona meditação com "relaxamento" e "desligação do mundo", sendo que não são esses os objetivos, pelo contrário, os objetivos são a atenção plena e a conexão profunda com o mundo.


sexta-feira, 23 de março de 2012

Contra a missão suicida dos jornalistas

"Pisar no freio e ter a digestão de algo suculento é bem melhor que tentar acompanhar o alucinante volume de publicações do mundo." - Revista Vida Simples, no Twitter

"Prefira as eternidades às atualidades." - Henry Thoreau

domingo, 19 de fevereiro de 2012

Ignorância e sensacionalismo

As notícias que a mídia está dando, volta e meia, favoráveis ao São Paulo no caso Oscar Emboaba são ingênuas, irresponsáveis e indecisas. Baseiam-se só nas declarações mal-intencionadas do advogado do tricolor, que está querendo somente incomodar o Oscar e o Inter.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Monstros S.A.

"O caso Eloá/Lindemberg só é esse caso por causa da cobertura da mídia, devia não estar acontecendo nada mais importante naquele dia. Ele é a bola da vez porque ele é pobre, porque não tem influências importantes como o jornalista Pimenta Neves que ficou solto no processo. Foi decidido que esse pobre aqui vai pagar por todos. Esse caso é uma aberração jurídica. Ele responde preso porque foi pintado na imprensa como um monstro, um anticristo. Que ministro vai querer assinar o alvará [de soltura] dele?" (Ana Lúcia Assad, advogada de defesa)

Um detalhe insignificante

Bruno Galera @bgalera : Há 5 dias seguidos ouço no rádio que o Cruzeiro de POA perdeu pontos no tapetão. Ninguém disse o PORQUÊ. Parabéns, jornalismo.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Diretamente, não... mas e o nervosismo?

O júri ouviu os jornalistas Rodrigo Hidalgo e Márcio Campos. Questionados sobre uma influência da imprensa do desfecho, ambos afirmaram ainda que em nenhum momento jornalistas fizeram qualquer tipo de provocação nem incitaram Lindemberg a cometer um ato violento. (G1)

Carniçaria

Pimentel: "mídia foi criminosa e irresponsável"
(Diego Salmen)


Lindemberg Alves, 22, manteve a ex-namorada Eloá e a amiga Nayara, ambas de 15 anos, como reféns por cinco dias em um apartamento na cidade de Santo André, em São Paulo. Na última sexta-feira, 17, o Gate (Grupo de Operações Taticas Especiais) invadiu o local. O incidente culminou na morte de Eloá.

Co-autor do livro "Elite da Tropa" e roteirista do filme "Tropa de Elite", Pimentel faz uma crítica ainda mais incisiva à inteferência da apresentadora Sonia Abrão, da RedeTV!, nas negociações. Ela entrevistou Lindemberg ao vivo na última quarta-feira, 15.

- Foi irresponsável, infantil e criminoso o que a Sonia Abrão fez. Essas emissoras, esses jornalistas criminosos e irresponsáveis, devem optar na próxima ocorrência entre ajudar a polícia ou aumentar a sua audiência.

Leia a seguir a entrevista com Rodrigo Pimentel:


Terra Magazine - Qual a responsabilidade objetiva dos governantes em incidentes como esse?


Rodrigo Pimentel - O chefe da polícia estadual é o governador do estado. Quem define as políticas de segurança pública e suas prioridades é o governador, através do secretário de segurança pública. É lógico que ele não pode ser responsabilizado de forma isolada pelo que aconteceu. Não é a primeira vez que uma ocorrência com reféns termina em tragédia no país. Nem será a última. Se você fizer uma análise histórica dos casos com reféns aqui, o normal é que eles tenham sido conduzidos com pouca qualidade técnica, muito amadorismo. Há precedentes emblemáticos, como o caso do arcebispo mantido refém num presídio em Fortaleza, quando o governador Ciro Gomes determinou que se dessem armas e coletes aos seqüestradores, tudo foi feito ao contrário do que determinam as normas.

Que normas são essas?

Veja bem: são normas rígidas? Não. São protocolos internacionais que podem ser adaptados de acordo com a necessidade, mas que se baseiam em dados históricos coletados ao longo dos anos. (...) Nós sabemos, por exemplo, que a presença de familiares em 80% dos casos deixa o seqüestrador mais nervoso e arredio, menos propenso à negociação. O jornalista, por exemplo, é bom ou ruim? Eu diria que na maioria das vezes é ruim. Porém, em algumas ocasiões, não muito raras, a presença do jornalista ajuda o tomador do refém a se entregar. Ele percebe que o jornalista no local garante a preservação da sua vida. Então tudo exige um conjunto de avaliações momentâneas.

Como o senhor escreveu em artigo na Folha de S.Paulo, a responsabilidade está na medida em que há falta de investimentos, como por exemplo a falta de câmeras...

Nenhuma unidade tática no Brasil dispõe desse equipamento. São equipamentos baratíssimos, custam menos que uma viatura policial. E são muito necessários. Se o Gate (Grupo de Operações Táticas Especiais) tivesse esse equipamento, não teria feito a opção pela invasão. Porque ia perceber que a porta tinha obstáculos. E aqueles 14 segundos que a equipe policial perdeu na porta foi o tempo para acontecer a tragédia, foi o tempo que o Lindemberg precisou para alvejar as meninas.

Foi o erro crucial?

É, exatamente. Mas o erro mais fácil de ser sinalizado foi a reintrodução da menina Nayara. Você não tem precedente disso na história moderna da negociação. Tem um caso em que o refém voltou ao cativeiro em Nova Iorque, no ano de 1972, que até gerou o filme Um dia de cão, com o Al Pacino. Mas veja bem: foi há quase 40 anos, não havia uma técnica desenvolvida (para lidar com esse tipo de situação). E esse fato foi transformador da doutrina da polícia de Nova Iorque. O filme é maravilhoso: retrata marginais mentalmente perturbados e economicamente motivados; eles queriam assaltar um banco. Foi uma ocorrência dramática em que aconteceu algo igual ao que resultou na morte da Eloá. Jornalistas ligavam para os seqüestradores o tempo todo...

Como o senhor avalia a cobertura da mídia?

A Sonia Abrão, da RedeTV!, a Record e a Globo foram irresponsáveis e criminosas. O que eles fizeram foi de uma irresponsabilidade tão grande que eles poderiam, através dessa conduta, deixar o tomador das reféns mais nervoso, como deixaram; poderiam atrapalhar a negociação, como atrapalharam... O telefone do Lindemberg estava sempre ocupado, e o capitão Adriano Giovaninni (NR: negociador da Polícia Militar) não conseguia falar com ele porque a Sonia Abrão queria entrevistá-lo. Então essas emissoras, esses jornalistas criminosos e irresponsáveis, devem optar na próxima ocorrência entre ajudar a polícia ou aumentar a sua audiência.

O Ministério Público de São Paulo deveria, inclusive, chamar à responsabilidade, essas emissoras de TV. A Record se orgulha de ter ligado 5 vezes para o Lindemberg. Ele ficou visivelmente nervoso quando a Sonia Abrão ligou, e ela colocou isso no ar. Impressionante! O Lindemberg ficou: "quem são vocês, quem colocou isso no ar, como conseguiram meu telefone?". Olha que loucura! Isso jamais aconteceria nos Estados Unidos hoje, jamais. Aconteceu há quase 40 anos, mas jamais aconteceria nos dias de hoje. Foi irresponsável, infantil e criminoso o que a Sonia Abrão fez. Eu lamento não ter falado isso na frente dela. Eu gostaria de ter falado isso para ela e para os telespectadores da Record e da RedeTV!.

O que ela fez foi sem a menor avaliação. Tanto que, num primeiro momento, ele (o repórter Luiz Guerra) tentou enganar o Lindemberg, dizendo-se amigo da família. E depois ele tentou ser negociador, convencer ele a se entregar sem conhecer os argumentos técnicos usados para isso. O que o capitão Giovaninni falava para o Lindemberg a todo momento é que, até aquele momento, o crime que ele havia praticado era muito pequeno. Esse é o argumento técnico, funciona quase sempre. "Olha meu amigo, até agora você não matou ninguém, até agora só colocou essas pessoas sobre constrangimento, sua pena vai ser muito pequena...". Isso funciona mesmo. E a Sonia Abrão não tem esse argumento, a Record também não.

Podemos esperar mais casos com esse tipo de desfecho?

Outras virão, não vai ser a primeira nem a última vez. O que aconteceu ali, apesar de ser uma ocorrência com refém, é algo comum no Brasil. Ex-noivos, ex-maridos e ex-namorados matando suas ex-companheiras ou suas companheiras atuais. Nós temos Estados no Brasil, como Pernambuco, onde cerca de 20% dos homicídios são dessa natureza, praticados por companheiros. Uma mulher morre por dia em Pernambuco vítima do seu companheiro. Essa é outra questão para a gente refletir. Apesar de ser uma ocorrência com refém, o que chama a atenção é a morte de uma ex-namorada, o que é absurdamente comum no Brasil. Homens no Brasil matam suas companheiras com uma freqüência muito grande.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Concordo

"Jornalista que não estiver envolvido em, pelo menos, 3 grandes polêmicas em um ano, não foi jornalista. Aprendi com Pedro Ernesto Denardin." (Fabiano Baldasso)

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Periodicidade ideal

"Tenho um amigo que diz que o jornal poderia ser publicado de 100 em 100 anos." (Márcia Tiburi)